segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Estação da Paulista: resgatando nossa história

por Barjas Negri

Construída no início do século passado, a Estação da Paulista representou o progresso de Piracicaba. Pela estrada de ferro escoava toda a produção de café e açúcar – base da produção agrícola do interior do estado – ao porto de Santos, de onde seguia para o mercado externo. A Estação da Paulista era também o ponto de chegada e de partida das pessoas, ilustres ou não, que passavam pela cidade.

Com o desenvolvimento da rede de estradas de rodagem, as vias férreas perderam importância e muitas estações do interior foram desativadas, o que aconteceu com nossa Estação da Paulista no início dos anos 70, logo após a consolidação do “milagre econômico brasileiro”, que colocou o interior de São Paulo em uma nova fase de desenvolvimento econômico-industrial e agroindustrial.

Durante mais de 30 anos, a bela estação ficou abandonada e degradada. Seu destino só não foi pior devido ao tombamento como patrimônio histórico, que lhe deu sobrevida. A partir de 2005 essa realidade começou a mudar. O governo municipal se propôs a recuperá-la, transformando-a em um grande espaço de cultural, lazer e convívio social.

Num esforço coletivo, que envolveu a Câmara de Vereadores e praticamente todas as secretarias municipais, em apenas dois anos a memória histórica da Estação foi resgatada e a cidade viu o renascimento de uma das suas mais importantes referências arquitetônicas.

Restaurada e preservada, a Estação está aberta ao público. Na área de esportes e de lazer lá estão a pista de caminhada e a primeira ciclovia de lazer da cidade, a academia de ginástica ao ar livre e a academia de ginástica para idosos. Equipamentos diariamente disputados por um grande público que deles se beneficia, na busca pela promoção à saúde.

O projeto de restauro e revitalização da antiga Paulista buscou utilizar e dar nova função a todos os seus espaços. O antigo pátio de manobras das locomotivas e vagões transformou-se na Estação do Idoso “José Nassif”. Do prédio onde eram armazenadas sacas de café e açúcar, nasceu o Armazém da Cultura Maria Dirce Camargo, palco de apresentações de teatro, dança e música, do festival de corais e de reuniões comunitárias. Nesse espaço, de forma particular, funciona a sede do Projeto Guri, importante trabalho de parceira com o governo do estado que promove o acolhimento de jovens e adolescentes com aptidões para a música. Lá, eles aprendem a tocar instrumentos, a cantar e se preparam para apresentações que arrancam aplausos.

No prédio principal da estação, onde haviam os guichês de passagens, funciona a administração do espaço e atividades culturais e sociais ao longo de todo ano todo, além da sala Acessa São Paulo que disponibiliza internet gratuita à população. O quadrilátero de estacionamento, um prolongamento do antigo pátio de manobras, foi adequado, revitalizando o comércio do bairro.
Todo esse movimento transformou a região da Paulista. A Estação antes abandonada e mal frequentada, tornou-se segura e usada por famílias inteiras. Orgulho dos piracicabanos, ela está lá, pulsando com a cidade. Tudo isso aconteceu com 30 anos de atraso, mas, como diz o ditado popular, “antes tarde do que nunca”. Piracicaba merece!


Barjas Negri é prefeito de Piracicaba

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