Paulo Prates
Falar de infraestrutura urbana é sempre uma viagem no tempo. Uma pesquisa rápida nos jornais antigos e está lá, por volta de 1929, um carrinho com cavalo fora abandonado na rua Governador Pedro de Toledo, bem na área central, e estava lá há semanas. A nota era um recado e pedia ao proprietário que tomasse uma providência, pois seu desleixo enfeava a paisagem. Nesse período, as vias públicas de Piracicaba, exíguas, estavam adequadas à dinâmica social: predominavam os veículos de tração animal e os primeiros Fords circulavam livremente. Sem contar que a maioria das pessoas andava à pé.
Quem conhece um pouquinho da história sabe que, a partir dos anos 30, começou um movimento acelerado de urbanização, cujo auge se deu nos anos 50 e 60, influenciado pelo estilo de vida americano, que convidava a população para as facilidades dos eletrodomésticos, do conforto dos carros de passeio. A cidade virou um inferno, com falta de água, de energia elétrica e um trânsito difícil de contornar. A industrialização dos anos 70, por não ter sido devidamente planejada, piorou ainda mais o cenário. A sorte foi ter surgido um prefeito que conseguiu desafogar um pouco a situação, pavimentando ruas, construindo pontes, abrindo avenidas.... Este homem se chamava Luciano Guidotti. Tanto é que seu nome ficou marcado na memória dos piracicabanos como exemplo do moderno gestor público.
Apesar de tudo o que ele fez em seus dois mandatos, continuado pelos que o sucederam, Piracicaba nunca recebeu uma carga de investimento em infraestrutura suficiente para dar conta de suas precariedades e seu desenvolvimento pujante. Os gargalos nunca deixaram de existir. A crise econômica enfrentada pelo país nos anos 80 e 90 (as tão famosas décadas perdidas) só fez acentuar o drama. Tanto é que lhe foi imputado o estigma de cidade “fim de linha”, como forma para justificar o abandono geral. Só que o Brasil voltou a ganhar certo fôlego financeiro depois de 2003, na onda de um período de grande desenvolvimento global, após o Plano Real. Piracicaba reagiu junto!
Com a chegada de Barjas Negri ao poder, em 2005, foi traçada uma rigorosa estratégia de ação para enfrentar esses problemas. O trânsito ganhou prioridade, junto com Saúde e Educação. O primeiro passo foi tirar do papel o Plano de Mobilidade Viária. O que era um apanhado de promessas e motivo para discussões sem fim, tornou-se um norte para investimentos. Os técnicos da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (Semuttran) passaram a se debruçar sobre projetos que desobstruíssem os pontos de estrangulamento da cidade.
Assim surgiram novas pontes, viadutos, rotatórias e avenidas. Ruas e avenidas existentes foram alargadas. Foi reestruturada a zona rural. O tráfego de veículos ganhou novos suportes, com sinalizações e semáforos. A revitalização chegou a todos os bairros, sem exceção e alguns exemplos merecem destaque, como a primeira das grandes pontes que esta Administração entregou, a do Shopping, remodelou todo trânsito daquela região. Vieram rotatórias como a da ponte do Morato e da Abel Pereira, até chegarmos às obras mais recentes como o Viaduto Francisco Avanzi “Chicão” e a nova avenida Higienópolis. Tudo para, além de atender a demanda da frota atual de quase 240 mil veículos entre motos, carros, caminhões, vans e ônibus, também garantir a segurança do pedestre.
Para se ter uma ideia, no final de 2011 chegamos a 903 grupos de semáforos renovados. Toda a cidade ganhou placas indicativas, incluindo aquelas com orientações sobre os pontos turísticos. Há muito ainda para se fazer? Não há a menor dúvida disso. Mas todo governo deve estabelecer suas prioridades e avançar cada vez mais em relação à herança que recebe. Não dá para sanar todos os problemas de uma cidade com quase 400 mil habitantes em apenas oito anos. Principalmente quando os investimentos públicos nas décadas anteriores foram pífios. A mobilidade urbana é um assunto presente no dia a dia das pessoas, porque é evidente que a facilidade de deslocamento traz qualidade de vida e riqueza. Todos precisam de uma cidade que funcione. Nesse aspecto, não há dúvida de que temos avançado muito. Só que o trabalho não pode parar, pois a exigência por condições melhores é uma constante da natureza humana.
Paulo Prates, secretário municipal de Trânsito e Transportes
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